sexta-feira, 13 de agosto de 2010

COMPORTAMENTO: ...o melhor de Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.



Do livro "Para Viver Um Grande Amor".

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FILME: Tudo pode dar certo...


O título sugere uma comédia romântica com final feliz, MAS, é um filme de Woody Allen; tem o final feliz mas o que prevalece é um convite a algumas reflexões perturbadoras... de questões existencialistas a questões afetivas que nos atormentam a todos, o filme começa tenso e termina deliciosamente leve... contando com artificios que nos grudam na tela e quase nos fazem dialogar com o protagonista, Woody Allen nos tensiona explorando insatisfações amorosas, sexuais e ideológicas para logo em seguida nos agraciar com as mesmas insatisfações sendo curadas pela delícia da simplicidade do amor, do sexo e dos ideais genuinos,despretenciosos, não estereotipados!
Eu, gostei muito!!


ANGELA R.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

FILME: Verônica deseja morrer....





Vi esse filme há alguns dias.... achei o título mórbido mas quis conferir.... hoje senti vontade de falar sobre. O enredo trata basicamente do quanto o DESEJO é vital... é ele que nos alimenta, nos revigora e nos dá a certeza de que no amanhà algo novo pode acontecer.
O futuro deixa de ser assustador quando nos percebemos desejosos de algo que podemos ter.....basta que façamos por merecer....
A personagem do filme não tinha tudo, como era de se supor por sua condiçao familiar, material, profissional.... de seu vazio existencial nasce a decisão de negar a vida!
Sem incorrer em clichês - pelo menos no filme, já que nào li e nào lerei o livro - o filme tem no amor o antidoto, o curativo da alma....Numa trama que envolve distúrbios emocionais, psicológicos e existencias o que prevalece mesmo é uma receita muito simples e certamente eficaz, de dar vida ao melhor que ela nos pode oferecer....
E bom que vendo a trama abstrai a autoria, assim como muitos nào gosto de Paulo Coelho....
Esse filme, visto há mais de 20 dias, hoje me remeteu a um conceito dos mais interessantes:RESILIêNCIA!! Esse termo emprestado da física, pode ser entendido no contexto comportamental como nossa capacidade de voltarmos ao pleno EQUILIBRIO depois de muito estresse e pressão emocional...
Eu recomendo o filme, MAS SOBRETUDO UMA DOSE DE RESILIÊNCIA !
Angela R.