domingo, 3 de maio de 2009

FILME: Madame Bovary













Século XIX! Não sei porque mas os filmes desse periodo sempre me fascinam apesar de todas as adversidades decorrentes da moral burguesa, conservadora, apesar da incompletude de indivíduos ávidos por se auto-construirem ... o homem provedor absoluto, a mulher credora incondicional do amor romantico...

Na adolescencia era absolutamente seletiva nas minhas leituras. Li Madame Bovary de Flaubert. Não tenho nenhuma lembrança do livro... ainda não sei onde guardo minhas memórias literárias.... tantos clássicos da literatura universal foram lidos, todos esquecidos mas creio que ressoam em mim de alguma forma... hoje o filme me fez sentir algo já sentido.

Madame Bovary nos faz sofrer a dor da insatisfação com as limitações não só circunstanciais que nos acometem ... a dor dela retrata algo familiar, sua humanidade nos toca profundamente, chega a incomodar, tudo é lento na trama e essa lentidão maximiza o incômodo que não acaba com o fim do filme...

A mediocridade é um personagem importante na trama, contamina Madame Bovary que morre, mas por outras dores.

Ao determinismo da mediocridade contrapôe-se uma mulher que não cabia no seu mundo, apesar da percepção confusa de seus desejos, sabia que pertencia a um mundo que não era dela.

Madame Bovary ja nasceu cansada. Viveu insatisfeita, traiu, mentiu, se resignou, fugiu para os mesmos lugares, morreu a cada dia mas perdeu a vida livremente. O embate entre determinação e liberdade talvez seja um ponto interessante do filme. A determinação histórica, geografica, sexual, fez dela uma infeliz por ter- ainda que de forma embrionária - o desejo de ser dona dela mesma.
Talvez isso explique o mal estar.

O filme vale sobretudo por nos por a prova. Sentir prazer com a lentidão sofrida nos dá tempo para pensarmos com alguma lucidez.

vale a pena ver pelo menos a resenha do livro para entender sua importãncia na literatura universal, não ha como dimensionar o filme sem ter a dimensão de Flaubert.


7 comentários:

  1. Professora Angela, preciso falar com você?
    Enviei um e-mail, mas ele voltou!
    Por favor, preciso de sua ajuda!

    Atenciosamente

    Tati Cocenza

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  2. ola Tati, td bem?

    não entendi pq voltou. tente novamente, ok?
    angelamrodrigues@yahoo.com.br

    beijo, espero poder te ajudar!

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  3. Prof Angela!
    li seu texto no fashion bubbles, e puxa fiquei feliz por encontar um texto que reflete oque venho pensando nos ultimos tempos.
    Sempre questionei a evolução do consumo e tendência.
    Gostaria muito de fazer um mestrado que me orinetasse para o seguimento em comunicção em moda,consumo,comportamento.
    Vou continuar lendo seus artigos e gostaria de encontrar o artigo que você publicou no colóquio de moda.

    Um grande abraço

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  4. Olá Agda e Lais,
    que prazer te-las como leitoras.... acho uma delicia saber que minhas idéias estão denso de alguma forma compartilhadas... de afinidades intelectuais podem surgir novas idéias, novas percepções, novas interpretações que só tendem a enriquecer as discussôes concernentes ao fenomeno Moda.
    um abraço,
    Angela

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  5. Afinidades e humores, também guardei num canto escuro memórias literárias. Fomos presenteados com bela vista em bela vista :-) Também tive meu estômago revirado pelos humores de Flaubert e do seu texto saltou aos meus olhos afinidades. Ao ler "Ao determinismo da mediocridade contrapôe-se uma mulher que não cabia no seu mundo, apesar da percepção confusa de seus desejos, sabia que pertencia a um mundo que não era dela." veio à tona o filme A Professora de Piano. beijos calorosos e saudados da ensolarada Estocolmo. Le

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  6. Olá Amiga Angela, fazia tempo que não passava por aqui!!!!para ler suas produções!!!!! Estou com mais tempo agora.Também me coloquei como seguidora (tieti)
    Beijo e abraço sua amiga rosi

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