sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MODA: uma visão inteligente

Tenho lido algumas coisas referentes ao fenômeno moda, mas nenhum artigo me chamou tanta atenção como Entre a arte e o negócio: as classificações da moda em suas relações com as mudanças sócio-históricas de Maria S. de Souza Nery.

Durante vários anos dando aula no curso de Moda e participando de bancas de Monografia e mais recentemente orientando algumas pesquisas da área, tenho percebido que é muito recorrente entre alguns alunos uma "quase vergonha" de demonstrar sua paixão pela moda, pelo vestuário e por tudo o que está diretamente relacionado a esse universo. A impressão que tenho é que alguns alunos, percebem a moda como algo supérfuo ou de pouco relevância acadêmico-social, e talvez por isso, ao escolherem os temas de suas monografias optem sempre por temáticas que lhes permitem criticar o mundo das aparências.

Contudo, a moda é um fenômeno muito mais complexo do que parece, e Nery consegue mostrar isso com maestria. Ao analisar a historicidade das interpretações da produção simbólica, discorre sobre o equivoco em se associar a moda apenas ao mundo dos negócios. A partir de um breve retrospecto da Moda no século XIX, a autora defende, dentre outras idéias, que a moda ora se aproxima, ora de distancia da arte, e que apesar de ser um universo que tende à racionalização (inerente ao mundo dos negócios) classifica-la como arte ou nao arte é uma arbitrariedade. Através de conceitos tais como divisão do trabalho, unicidade, atemporalidade, produto, dentre outros, a autora demonstra com clareza que falar em ditadura da moda é uma falácia.

Com o respaldo de teóricos importantes (Weber, Marx, Rousseau, Kant, Escola de Frankfurt) a Nery, nos deixa muito à vontade para declararmos sem nenhuma culpa nosso amor incondicional, pelo fenômeno que nos veste, nos assegura personalidade e estilo, movimenta a economia mundial, cria milhares de postos de trabalho, e nos permite entender um pouco mais as mudanças discursivas no decorrer da história, o que pressupôe questôes economicas, politicas, ideoloógicas e culturais. Portanto, esse artigo é um convite inteligente para repensarmos nossa perceção sobre a moda e, sobretudo sobre a historicidade dos juízos de valor.

Angela R.

2 comentários:

  1. E não é que é !!!, é vergonhoso confeçar que gosta de moda...Moda está relacionada a corpo a estética a futilidades... Mas é a moda que define o estilo de me vestir??? Hoje eu sei que tenho um estilo, dizem também, apesar dos comentários não condizerem com a realidade...Mas sei que tenho. Mas não sei como cheguei a ele. Sei que hoje encontro-me meio perdida, pois não encontro no que está em moda ,o que gosto. Hoje são preocupações!!!!

    ResponderExcluir
  2. Realmente muitos pensam q moda é futilidade e coisa de quem tem tempo sobrando, dizem:
    ----A CORTE E COSTURA! Pois não é isso, e sim muito mais, com fundamentos, estudos e pesquisas tudo para um bom desenvolvimento de produtos considerados desnecessários, mas NU ninguém pode andar não é!?

    ResponderExcluir

deixe seu comentário, dica, sugestâo!!